Nem tudo está perdido quando se trata de Meio Ambiente e preservação.
Vou reproduzir aqui uma notícia que muito me alegrou...
Vou reproduzir aqui uma notícia que muito me alegrou...
Céu mais azul no Pantanal
Foi numa visão como essa, de uma árvore com dezenas de araras-azuis empoleiradas, que a bióloga Neiva Guedes se apaixonou por elas.
Parecia uma árvore de frutos azuis desproporcionalmente grandes. Os galhos estavam secos e sem folhas, que marcam essa época do ano. E perduradas neles, as araras azuis. A cena é linda. E a primeira vez que alguém vê essa imagem, é grande a chance de se cativar por essas belas aves.
O que também cativa o observador não é apenas a beleza plástica, mas o comportamento: as grandes araras azuis são bichos curiosos e não temem os humanos. Não saem voando desesperadas para longe, mas ficam ali por perto, voando baixo e tentando entender os intrusos. Mas não foi sempre assim. Ameaçadas de extinção nos anos 80 e 90, elas corriam o risco de ser encontradas apenas em cativeiro. Foi quando, em 1990, a bióloga Neiva Guedes, professora e pesquisadora da Universidade Anhaguera Uniderpe, encontrou a árvore de araras e deu início a um dos mais belos projetos de conservação de biodiversidade no Brasil.
Foi numa visão como essa, de uma árvore com dezenas de araras-azuis empoleiradas, que Neiva Guedes se apaixonou por elas, 20 anos atrás. Fez suas pesquisas para o mestrado na ESALQ, da USP (na banca estava o grande ambientalista Paulo Nogueria Neto), constatou que a extinção do animal andava em passos largos. Neiva, então, decidiu pôr a mão na massa e deu início a um projeto para a conservação da espécie, que veio a mudar a situação das araras no Pantanal - e também a sua vida. Foi criado o Projeto Arara Azul (http://www.projetoararaazul.org.br). Ela conseguiu apoio da Toyota (que se tornou a grande apoiadora do projeto) recebeu um jipe bandeirante e virou piloto de testes. Passou a visitar cada ninho no Pantanal, catalogar todos eles, e acompanhar de perto o desenvolvimento das ninhadas, as dificuldades naturais e por ação humana, e descobrir meios de ajudar as aves a se reproduzirem.
As populações de araras azuis ocorrem no Pantanal, no oeste amazônico e no entroncamento de Bahia, Tocantins, Piauí e Maranhão. Andam em bando, ou em casais - raramente são vistas solitárias. E são animais "especialistas", na definição biológica: no Pantanal alimentam-se apenas do coco do acuri e da bocaiúva, 90% dos ninhos, são construídos na árvore do manduvi. Sem as palmeiras e sem a árvore, são fadadas à extinção.
Sorte delas e produção econômica no Pantanal, a pecuária, tem em grande parte contribuído, até aqui, para a conservação desse habitat. Quando usadas apenas regiões de pastagens naturais, ao menos. As araras têm uma associação natural com o gado - que descasca a semente do acuri, facilitando que a arara chegue até a castanha, e também dispersa a semente pelo Pantanal, defecando (apesar de matar os brotos pisoteando-os). Acontece que, com o desmatamento, os manduvis sumiam. Isso, junto do tráfico de animais, eram as grandes ameaças. E foi aí que Neiva começou a intervir.
A bióloga passou a acompanhar os ciclos reprodutivos, conhecer os hábitos do animal - que, cientificamente, eram um livro em branco. E fazer intervenções junto aos fazendeiros e pousadas para que eles também contribuíssem para salvar as araras: evitar o corte dos manduvis e ajudar a catalogar as araras. Em 20 anos, junto da população regional - e não de uma forma imposta de fora para dentro -, Neiva conseguiu mobilizar a população pantaneira para aprender, como ela, a amar as araras. Além do conhecimento científico que o projeto proporcionou nesses 20 anos das araras, a população, antes estimada em 1,5 mil araras, hoje pode estar em torno de 5 mil indivíduos.
Por Felipe Milanez
De Aquidauana (MS)
Fonte: http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI4614147-EI16863,00-Ceu+mais+azul+no+Pantanal.html
(Foto: Felipe Milanez)
1 comentários:
Otima noticia mesmo..parabéns a biologa
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